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1º.

SIMPÓSIO DE GRANITO DE MONDIM DE BASTO

ENQUADRAMENTO GERAL

O 1º. Simpósio de Granito de Mondim de Basto esteve inserido na Bienal do Granito, 2019, promovida pelo Município de Mondim de Basto e pelo Núcleo Empresarial de Mondim de Basto, com o objectivo claro de “valorizar o granito amarelo da região, estimular a criatividade nesta atividade económica de modo a aumentar a criação de riqueza e, consequentemente, mais emprego e melhor qualidade de vida.”

 

A Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, convidada como parceira deste evento, desenvolveu a programação do 1º SGMB, envolvendo o Instituto de Investigação de Arte, Design e Sociedade [I2ADS] e o Centro de Estudos de Design e Arte [CEDA], através da coordenação dos Professores Doutores Escultores Norberto Jorge e Rui Ferro.

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DESCRIÇÃO GERAL

O 1º. Simpósio de Granito de Mondim de Basto foi projetado envolvendo uma relação alargada com a matéria granito e com o ambiente de trabalho, normalmente intitulado de Simpósio de escultura. Neste sentido, o modelo adoptado premiou a heterogeneidade dos participantes, partindo do envolver estudantes de diversos cursos e ciclos da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, num grupo a estabilizar e a conduzir ao funcionamento de gabinete de projeto, tirando partido das diferentes formações, idiossincrasias e competências pessoais, de cada um. Foi desejado explorar o trabalho em grupo, por si, mas também, enquanto promotor de desenvolvimento de melhores capacidades de enquadramento, gestão e comunicação das ideias e ações individuais. 

O modelo adoptado premiou, também, a exposição do grupo de trabalho a uma relação direta com Mondim de Basto, de onde se sintetizaram os projetos a fazer acontecer, numa estreita ligação com os parceiros institucionais e, em contacto e visibilidade com a comunidade local, a qual receberá os resultados da sua criação. Nesse propósito foram agendados três momentos de aproximação a Mondim, nomeados de residências. Em cada um desses momentos ficaram cumpridas fases típicas do processo de projetar: recolha de informação, formalização de projetos e produção.

Segundo este modelo, no 1º. Simpósio de Granito de Mondim de Basto, não ficou garantido um produto, com características especificas, mas resultados mil, baseados na liberdade que convém às Artes, no seu exercício de pensar. Artes Plásticas que se expressam pela imagem, seja desenho, seja fotografia ou vídeo; pelo volume, seja do objet trouvé, seja da construção povera, seja do exercício na paisagem, da land art, ou ainda, com o desperdício a reciclar. Expressam-se ainda pelo som, pelo corpo, pelo digital e pelos ofícios ancestrais, ligados à pedra, particularmente ao granito desta região, mas também à madeira, à cerâmica, aos metais que se pretendem descobrir, no contacto local. 

Ficaram assim abertas as possibilidades de desenvolvimento de outras marcas, dando espaço a fazer acontecer expressões criativas contemporâneas, dependentes de outros modelos de atuação e relação com a comunidade local e o público em geral. Bem como, dar espaço para as marcas da natural evolução, redefinição e formação dos novos criativos. 

Este modelo foi também, uma oportunidade para os decisores políticos poderem repensar o contributo das Artes, neste caso das Artes Plásticas, para a construção do território de futuro, da cultura e identidade de uma comunidade, fora das fórmulas clássicas de aproximação entre as partes. Privilegiando o tempo de relação e ação em conjunto, de análises e criticas partilhadas, de implicação na coisa comum e menos no valor da obra. 

DESENVOLVIMENTO GERAL

Independente da programação inicial do evento, que obedeceu a lógicas informadas por outros predecessores, que a coordenação dos Professores Doutores Norberto Jorge e Rui Ferro têm vindo a promover, ao longo dos últimos anos, diversas alterações justificaram-se nas imensas imponderabilidades que, a conjectura dos acontecimentos de um certame desta envergadura acarreta, para mais na sua primeira edição. O 1º. Simpósio de Granito de Mondim de Basto, teve a primeira residência, para recolha de informação, entre 23 a 30 de Junho, de 2019. A segunda residência, de formalização de projetos, decorreu de 26 a 28 de Julho e, a terceira residência, de 8 a 15 de Setembro, para a produção de projetos. Fora estes momentos de deslocação no território do conselho, as instalações da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto foram a sede onde o grupo estabeleceu gabinete de projeto, com apoio de oficinas, para desenvolver as ações necessárias para a boa persecução dos projetos de criação e sua comunicação. As consequências do encadeamento destas datas, acarretaram nuances que determinaram muito dos resultados obtidos, sublinhando-se aqui a apresentação de projetos de ideias, na segunda fase, invés de projetos associados a dossiers de produção; desenvolvimento de um único projeto final, como remate do 1º. Simpósio de Granito de Mondim de Basto, invés do apoio à produção de diversos, sintetizados do conjunto exposto na segunda fase. Faz-se nota aqui sobre a facilidade com que o colectivo de participantes e suas coordenações institucionais foram assumindo as mudanças, para cumprir os objetivos inicialmente propostos, perante as necessidades e realidades com que se depararam. Pensamos que isso terá, em primeiro lugar, relação direta com as qualidades humanas e as capacidades de comunicação dos indivíduos, envolvidos em todos os sectores e fases do processo de fazer acontecer este evento. Em segundo lugar, por se manter a tónica na questão fulcral deste modelo, efetivamente, colocada ao nível do tempo:

  • Tempo de partilha e de implicação de todos, numa leitura da realidade cultural que servirá de motor para a criação;

  • Tempo de proposição, desenvolvimento e produção da criação, de modo reflectido, criticado, porque partilhado e implicado na relação de respeito mútuo e entendimento pela liberdade e diferença de todos e, do papel de cada um, na definição da coisa comum.

Esta questão de programação e foco no tempo, tenta contrariar as urgências a que o tempo contemporâneo nos impele, quer pela questão digital que nos invadiu completamente, em todas as dimensões da vida, pelo bem e pelo mal; quer pela perda de referências, entre o nosso presente e o nosso passado, que reduz a ideia de futuro a um amalgamado branco nebuloso que, se por um lado tudo engloba, tudo permite, nada sobra nítido, nem em continuo. Um branco com uma espessura que só o Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago, poderá dar imagem. Não o palimpsesto da Idade Média, que se apaga eternamente, para reescrever no branco, mas igualmente as trevas da informação, pelo  tempo que nos falta para vivermos a nossa realidade. O aqui e o agora. A nossa presença em conjunto.   

COORDENAÇÃO *

 

António Rui Ferro Moutinho
Norberto da Silva Ogórek Jorge 

*Escultores, Professores Doutores, Docentes na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto

e investigadores do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade [i2ADS - FBAUP].

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